Estrongiloidíase

Larvas rabditoides de Strongyloides stercoralis

É uma verminose causada pelo nematóide Strongyloides stercoralis que habita o intestino delgado do homem. A forma adulta parasitária é a fêmea partenogenética que mede cerca de 2 a 3 mm de tamanho. Os ovos eliminados pela fêmea eclodem rapidamente no intestino, liberando as larvas rabditoides que saem com as fezes. Essas larvas no meio exterior originam machos e fêmeas de vida livre e também as larvas filarioides infectantes.

Manifestações clínicas

Em caso de infecções leves, o parasitismo por S. stercoralis pode apresentar-se assintomático. Os casos sintomáticos apresentam inicialmente alterações cutâneas com pontos eritematosos, que aparecem nos lugares de penetração das larvas, acompanhadas de prurido, edema local e urticária.

A migração larvária pelos pulmões pode causar tosse, expectoração, ligeira febre e broncopneumonia, caracterizando a Síndrome de Loeffler, que cursa com eosinofilia sanguínea elevada. As manifestações intestinais são: diarréia, dor abdominal, constipação, anorexia, náuseas, vômitos e dor epigástrica que pode simular quadro de úlcera péptica.

Nos casos de hiperinfecção ocorrem quadros diarréicos graves com várias evacuações diárias, causando desnutrição, desidratação, síndrome de má absorção e acentuada perda de peso. Em indivíduos imunodeprimidos a doença pode desenvolver-se de forma severa, com disseminação larvária a múltiplos órgãos, caracterizando a estrongiloidíase disseminada.

Modo de transmissão

A infecção no homem ocorre por penetração cutânea das larvas filarioides infectantes (L3). Outra via de infecção possível é a ingestão de água ou alimentos contaminados com larvas infectantes. Além disso, pode ocorrer a auto-infecção externa e interna. A auto-infecção externa ocorre quando as larvas rabditoides presentes em resíduos de fezes na região anal e perianal transformam-se em larvas filarioides infectantes e aí penetram pela mucosa retal; a auto-infecção interna ocorre no próprio intestino do indivíduo parasitado, quando as condições locais do intestino propiciam a transformação das larvas e invasão direta da mucosa pelas larvas infectantes.

Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico laboratorial da estrongiloidíase baseia-se no exame parasitológico de fezes com pesquisa de larvas rabditoides do parasito. O encontro de ovos é raro nas fezes. Algumas larvas rabditoides podem se transformar em filarioides em fezes não fixadas e conservadas à temperatura ambiente por algumas horas. A pesquisa das larvas também pode ser feita no líquido duodenal, lavado broncoalveolar e no escarro. O isolamento de larvas pode ser feito por coprocultura pelo método de Harada-Mori ou por cultura em placa de ágar. Os métodos imunológicos para a pesquisa de anticorpos no soro têm proporcionado resultados promissores para o diagnóstico desta parasitose.