Oocistos de Cryptosporidium spp

Criptosporidíase

É a infecção causada pelo protozoário Cryptosporidium spp. Este parasito é um pequeno coccídio intracelular obrigatório das células epiteliais do trato gastrointestinal e respiratório do homem e de alguns animais. O parasito localiza na parte externa do citoplasma da célula; esta localização é designada intracelular extracitoplasmática. A infecção tem sido documentada do esôfago ao reto, embora o habitat preferencial seja o intestino delgado. É uma zoonose com ampla distribuição geográfica.

O C. parvum não é uma espécie uniforme, mas espécies genotípicas. No gênero Cryptosporidium estão incluídos pelos menos 7 espécies associadas com infecção intestinal em seres humanos: C. hominis, C. parvum, C. felis, C. meleagridis, C. canis, C. suis e C. muris. As espécies C. parvum e C. hominis são as mais prevalentes em humanos.

Em pacientes HIV, mesmo com o uso do tratamento antiretroviral, a criptosporidíase se mantém nos países em desenvolvimento ao redor de 6%.

Manifestações clínicas

A patogenia da criptosporidíase envolve alterações na mucosa do intestino delgado, que resulta na síndrome da má absorção. As infecções assintomáticas ocorrem em indivíduos imunocompetentes e imunodeficientes. A infecção sintomática em indivíduos imunocompetentes caracteriza-se por diarréia aguda e auto-limitada, com duração de 1 a 2 semanas, náuseas, vômitos, dor abdominal e febre.

Em pacientes imunodeficientes, particularmente com infecção por HIV/AIDS, ocasiona enterite grave, caracterizada por diarréia aquosa com 5 a 10 ou mais evacuações diárias, acompanhada de dor abdominal, mal estar, náuseas, vômitos, anorexia e febre. Estes pacientes podem desenvolver diarréia crônica, desnutrição, severa desidratação, desequilíbrio eletrolítico, emagrecimento acentuado e esteatorréia. Raramente observa-se sangue ou leucócitos nas fezes.

Nos pacientes com AIDS o quadro clínico é grave quando o número de linfócitos CD4 é inferior a 200/mm³. Podem ocorrer infecções extraintestinais: esôfago, estômago, faringe, vesícula biliar, ductos pancreáticos e parênquima pulmonar.

Modo de transmissão

Ingestão de oocistos infectantes (com 4 esporozoítos) em água ou alimentos contaminados com fezes. Pode também ocorrer transmissão sexual devido a contato oral-anal e transmissão interpessoal como importante fator na disseminação da doença. Na criptosporidíase ocorre auto-infecção interna.

A transmissão animal a pessoa ocorre como consequência do contato direto de pessoas com animais infectados e eliminando oocistos.

Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico laboratorial da criptosporidíase baseia-se no exame parasitológico de fezes com pesquisa de oocistos; no método imunoenzimático – ELISA para pesquisa de antígenos em fezes; e pela biologia molecular (Reação em Cadeia da Polimerase - PCR).